OS SÍMBOLOS DA PÁSCOA
Nas últimas 5 décadas a humanidade se transformou. O capitalismo tomou conta do mundo e transformou tudo ou quase tudo em fonte de capital, de lucro, de consumo. Assim as festas, grande parte de caráter religioso se tornou ocasião de um consumo maior. Entre elas temos o Natal, Páscoa, dia das mães, dia dos pais e até o dia das crianças.
Com a profanização , estes eventos perderam seus sentidos originais, humanos, familiares e religiosos. E hoje a riqueza simbólica das celebrações muitas vezes não passam de coisas engraçadas, incomuns e sem sentido.
Por isso o propósito deste artigo é tentar resgatar um pouco o sentido das coisas, das festas e celebrações e simultaneamente refletir sobre o sentido da vida humana.
Não pretendemos estudar profundamente todos os símbolos da Páscoa cristã, mas mostrar o sentido cristão de alguns deles.
Os OVOS de PÁSCOA
Antigamente, me lembro, há mais de 20 anos, o costume era enfeitar e pintar ovos de galinha, sem gema e clara, e recheá-los com amendoim revestido com açúcar e chocolate. Os ovos de páscoa, como conhecemos hoje (de chocolate) , era produto caro e pouco abundante.
De qualquer forma o ovo em si simboliza a vida imanente, oculta, misteriosa que está por desabrochar.
A páscoa é a festa magna da cristandade e por ela celebramos a ressurreição de Jesus, sua vitória sua morte e a desesperança (Rm 6,9). É a festa da nova vida, a vida em Cristo ressuscitado. Por Cristo somos participantes dessa nova vida (Rm 6,5).
Assim, os ovos de páscoa vem simbolizar e ao mesmo tempo movermos para a reflexão da vida.
Os COELHOS
Outro símbolo muito difundido como carro-chefe de vendas na ocasião da Páscoa.
Eles também têm haver com a vida, mas à abundância da vida, suma inesgotável qualidade de se multiplicar sem se esgotar. Qual a relação disto com os coelhos?
Os coelhos por natureza se reproduzem com facilidade e em grandes quantidades.
A liturgia do Sábado santo e do Domingo da Páscoa está repleta de símbolos. Vejamos alguns deles:
O FOGO
No Sábado Santo a celebração é iniciada com a bênção do fogo, chamado de “fogo novo”. Os agricultores desprovidos de tecnologia e de conhecimento, utilizam o fogo, uma técnica milenar e primitiva, para limpar o terreno que será destinado ao plantio. Nesse caso o fogo limpa aquele espaço do mato, das ervas daninhas e de tudo aquilo que prejudica ou é obstáculo para o plantio. Em grandes incêndios florestais o fogo aparece como uma força destruidora e ás vezes incontrolável e invencível, como aconteceu recentemente nos Estados Unidos e Grécia.
Na liturgia Cristo é esse fogo que veio limpar o mundo do pecado, da desesperança, do ódio pregando e instaurando o Reino de Deus (Mt3,11; Mt 13,40; Lc 12,49; Hb 12,29)
A sua ressurreição mostra que ele destruiu até a morte, o grande medo humano. O pecado foi vencido pela graça de sermos filhos de Deus, templos de Deus (Gl 4,7; Rm 8,14). O ser “imagem e semelhança de Deus” descrito na criação, conforme o livro do Gênesis (Gn 1,26), foi restaurado por Ele; a esperança por um mundo novo, justo e solidário foi reacendida.
O CÍRIO PASCAL
O que é o Círio Pascal? É aquela grande vela decorada sendo a cruz o desenho central.
Aqui novamente o fogo é o elemento principal. Além dos significados anteriormente relatados, acrescentamos mais um: o fogo até hoje é usado para iluminar. Quando falta luz em nossa casa, a vela é o mais prático.
Cristo é a luz que ilumina a vida do cristão para que ele não caia nas trevas da desesperança, da vida sem sentido, do egoísmo e da maldade (Jo 8,12; Rm 2,19; Lc 8,16).
O círio, simbolizando Cristo ressuscitado, nos apresenta como uma grande coluna de fogo para guiar e iluminar a humanidade (Ex 13,21; ). As letras gravadas e marcadas pelos cravos na cruz do círio, significa que pela morte e ressurreição de Cristo a humanidade foi redimida para sempre por aquele que é eterno e pelo qual é a razão da existência do mundo ( Ef 2,6; Rm 8,11; Lc 1,68).
A ÁGUA
Na celebração do Sábado, véspera da Páscoa, acontece a bênção da água que será utilizada nos batismos durante o ano.
Em nossa vida diária, utilizamos esse bem precioso para matar nossa sede, para limpar de nosso corpo a sujeira e suor, para fazermos comida e usada para limpeza doméstica. A água é também alimento principal das plantas e meio de vida dos animais aquáticos. Ela também pode ser sinônimo de destruição, como acontece nas grandes enchentes.
Para o cristianismo: Cristo é a verdadeira Água (Jo 4,9-15); a Água da vida que livra para sempre o homem do egoísmo e da maldade, desde que ele queira beber dessa Água; A morte e ressurreição de Jesus destruiu para sempre a incerteza do futuro e própria morte trazendo à humanidade o verdadeiro sentido da vida.
O batismo é a resposta do ser humano à proposta de Deus. Por isso após a bênção da água se realiza a renovação das promessas batismais (Rm 6,1-11).
A aspersão do povo com água benta simboliza a nossa disposição em nos limpar de tudo aquilo que fere e prejudica o outro.
Conclusão
Para nós cristãos o centro de nossa fé será sempre Cristo que morreu e ressuscitou para nos mostrar que o Reino de Deus pregado por Ele está presente e vivo entre nós. A utopia de um mundo irmão, de paz e solidariedade é possível e é esse Reino. A vida, morte e ressurreição de Jesus é a concretização dessa utopia (Lc 17,21; Lc 21,28-33; . A partir desses pressupostos todos os símbolos são fáceis de serem entendidos.
José Luiz Cruz Duarte