Uma das evidências mais claras da mediocridade de uma empresa está estampada na seguinte situação, a qual já presenciei inúmeras vezes: um novo profissional é admitido, descobre inúmeros “furos” no trabalho, corrige erros, implanta os métodos que trouxe de seu último emprego, traz resultados, começa a tratar todos como se fossem idiotas e o diretor, satisfeito, afirma: “…fiz uma excelente contratação, agora a coisa vai”.
Alguém poderia pensar que se trata de uma boa situação, afinal de contas a empresa melhorou. Qual é o erro que evidencia a mediocridade?
A resposta é simples: quando é tão fácil para qualquer novato chegar e “tomar posse” do trabalho, identificar uma quantidade razoável de erros e outorgar a si próprio o direito de implantar seu método, planilhas, formulários, controles, padrões etc., por melhor que seja a inovação, isto denota uma empresa sem sistema de gestão, sem padrões, sem valores, isto é, uma TERRA SEM DONO, SEM LEI. Parece aqueles filmes antigos do faroeste americano, onde quem falava mais alto (ou o bandido ou o xerife) era quem mandava e os seus princípios pessoais eram a lei.
O novato passa a ser adorado pela direção e odiado por muitos outros na empresa. Normalmente, com o passar do tempo, descobre-se que o novato “não era tudo isto” e ele vai embora ou é engolido pela mediocridade geral. Também pode acontecer de o novato cansar da mediocridade e deixar a empresa. Em qualquer uma destas situações previsíveis, nada fica na firma. A organização não tem sistema de gestão, isto é, não tem método e é incapaz de perpetuar o conhecimento e as atitudes trazidas pelo novato.
Provada e entendida a mediocridade, esta é a situação triste na qual encontra-se a maioria das organizações que não tem capacidade intelectual nem para entender este texto. Sobre o que ele está falando? O que está faltando neste tipo de empresa? O que é o sistema de gestão citado pelo texto? A resposta é única e simples: o sistema de gestão é o conjunto de métodos e de ferramentas que uma empresa deve implantar e melhorar sistematicamente para desenvolver os seus gestores. É um caminho único para bater metas e saber quais as causas da vitória. É o domínio de seu próprio destino. É saber porque ganhou e porque eventualmente perdeu. É o desenvolvimento da prata da casa, devidamente selecionada para este fim. É o que diferencia as empresas amadoras das profissionais. É o único recurso que garante a prosperidade e o foco permanente no resultado. Esta é uma verdade conhecida neste planeta apenas por uma seleta minoria de empresários e executivos.
Paulo Ricardo Mubarack (consultor de gestão, qualidade, administração de pessoas, rh, iso9001 e autor do livro empresas nuas)